O poder da notícia e a notícia com poder - 9ºANO

    A expansão dos meios de comunicação, no fim do século XX, contribuiu para que as notícias se disseminassem rapidamente. Na atualidade, o que ocorre do outro lado do planeta pode chegar ao domicílio da maioria dos cidadãos numa fração de segundo, influenciando decisões de caráter político, econômico ou militar e interferindo no modo como as pessoas veem o mundo.


    Acessando sites de notícias, assistindo a noticiários na TV ou lendo manchetes de jornais, entramos
em contato com situações e fatos próprios de nosso tempo. Muitas das notícias que nos chegam hoje
e influenciam nossa vida são resultado de decisões e acontecimentos anteriores. Assim, para com-
preendermos a sociedade atual e as relações de poder no mundo ao qual pertencemos, é necessário
analisarmos todos os componentes das notícias, observando as ações que as influenciaram e as reações
delas decorrentes.

    A mídia é da maior importância na disseminação dessas notícias. Denomina-se m’dia todo o conjunto de comunicação e aparatos usados para transmitir informações, como sites de notícias da internet, jornais e revistas impressas, rádio, televisão, cinema, outdoors, propaganda, anúncios publicitários, etc.
    Na atualidade, os meios de comunicação intensificaram-se de tal forma que passaram a ser conheci-
dos como mass media, ou seja, instrumentos de comunicação social de massa. Esse novo conceito, muito empregado em Ciências Sociais, tem por objetivo estudar a ampla difusão dos meios de comunicação em todas as classes sociais. Um enorme aparato de divulgação impõe a todos os povos um modelo cultural e uma maneira de interpretar a notícia de acordo com os interesses dos grandes conglomerados da comunicação.


 

    Um dos aspectos mais importantes relacionados à divulgação das notícias é a capacidade de neutralidade dos órgãos de comunicação. De acordo com especialistas em jornalismo, os órgãos de imprensa devem respeitar a teoria da objetividade, ou seja, a ideia de que o jornalismo de boa qualidade é aquele que não induz o leitor a tirar conclusões de acordo com os interesses do jornal, mas o que transmite a notícia de forma neutra, sem juízos de valor. Mas será que os meios de comunicação são neutros? Para o doutor em Geografia Humana Demétrio Magnoli, “efetivamente, política e ideologia estão presentes na organização de todo o noticiário, que não é neutro ou objetivo. A mídia, ao contrário do que apregoa a teoria da objetividade jornalística, engaja-se na divulgação de uma concepção de mundo. Ela não é o espelho do mundo, mas uma fábrica de interpretações do mundo”.
    Quem descreve algum acontecimento o faz de acordo com a própria visão de mundo, o que, na ver-
dade, não é um problema em si mesmo. O leitor, porém, deve fazer uma análise crítica de tudo o que lê,
estabelecendo, assim, sua própria “verdade”. Além disso, todos os meios de comunicação devem fornecer mais de uma posição acerca de fatos, conflitos, impasses econômicos, etc.

    Anteriormente à revolução tecnológica que permitiu a conexão on-line, as notícias de alcance mundial eram divulgadas pelas agências internacionais. Os maiores conglomerados jornalísticos internacionais que repassam as notícias a agências locais são estadunidenses, como é o caso da rede de televisão CNN e, na imprensa escrita, da United Press International (UPI) e da Associated Press (AP). Há também as agências europeias, como a britânica Reuters, a francesa France-Presse e a italiana Ansa. Essas empresas, grandes conglomerados da comunicação, interferem no modo como a notícia chega aos domicílios de todo o mundo, porque defendem interesses associados aos de grandes empresas transnacionais e têm relação próxima com os governos de seus respectivos países. A conjugação de forças dessas organizações faz com que a notícia chegue de maneira muitas vezes distorcida, em razão da associação delas às ideologias que defendem.
    Atualmente, essas empresas ainda dominam os noticiários.
    Com o surgimento da internet, no entanto, muitas mudanças estão ocorrendo nesse cenário, uma vez que a apuração das notícias se tornou mais rápida com a agilidade desse novo meio de comunicação. Na web, as notícias são disponibilizadas de modo imediato e contínuo, podendo ser atualizadas com facilidade. Isso causou mudanças na relação dos jornalistas com suas fontes. Estas passaram a ter os próprios sites e perfis nas redes sociais, por meio dos quais estabelecem comunicação direta com o público, tirando dos jornalistas o poder de selecionar o que será notícia ou não. Os veículos de comunicação tiveram de se adaptar a essa nova realidade, buscando como diferencial não a novidade, mas, sim, a análise e o tratamento aprofundado de fatos já divulgados.
    A chegada dos dispositivos móveis, como os tablets e os smartphones, também causou impactos
no jornalismo. Essas novas tecnologias digitais permitem ao jornalista produzir e enviar, à redação ou
ao site de notícias, informações sobre determinado fato quase no mesmo instante em que ocorre. Os
processos de apuração e comunicação dos fatos tornam-se, assim, cada vez mais ágeis.

    Todas essas inovações promoveram mudanças também na maneira como o público lida com as notícias: as pessoas estão conectadas à rede durante mais tempo e querem acesso rápido e diversificado às informações. Isso exige grande dinamismo das empresas de comunicação, as quais estão buscando adaptar seus sites, desenvolvendo aplicativos para os dispositivos móveis. 

    Nesse contexto, o público tornou-se um potencial produtor de conteúdos noticiosos, registrando acontecimentos por meio de fotos ou vídeos e, em seguida, enviando-os a diversos canais de comunicação. Sabemos, porém, que nem todas as informações disponíveis na rede são confiáveis, o que se deve, em parte, à apuração apressada dos acontecimentos, em parte, ao fato de que qualquer pessoa pode produzir e divulgar conteúdos na rede.
    No que se refere às redes de televisão e jornais brasileiros, na última década, vários deles criaram equipes internacionais próprias, com o intuito de buscar novas formas de lidar com a notícia. Essa atitude, infelizmente, não rompeu com a parcialidade das informações, visto que também essas
empresas defendem sua própria ideologia.
    O discurso da mídia incorpora diversas linguagens. Não é por meio apenas do texto que os instrumentos da mídia passam suas mensagens.
    A entonação do repórter na TV, o modo como se destaca uma notícia nos jornais ou revistas, assim como as imagens selecionadas para serem impressas ou transmitidas, têm função específica no conjunto da notícia.


     Um dos exemplos mais significativos para se verificarem tais linguagens ocorreu durante o ataque às Torres Gêmeas no World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001, um dos acontecimentos de maior impacto do século XXI. No dia 12 de setembro, as manchetes dos jornais de todos os países do mundo destacavam o ato terrorista desencadeado pela Al-Qaeda, organização comandada por Osama bin Laden, que mostrou ao mundo a fragilidade dos Estados Unidos em relação à sua segurança interna. Nos primeiros momentos sequenciais à ação terrorista, o impacto causado foi estarrecedor e nenhuma análise de maior densidade ocorreu. As TVs mostravam, insistentemente, o exato momento em que os aviões se chocaram com os edifícios, e as entrevistas destacavam a incredulidade da população diante daquelas imagens. As redes estadunidenses enfatizavam o trabalho dos bombeiros e o choque sofrido pela população, principalmente entrevistando familiares dos desaparecidos nos atentados.
    Nessas imagens, a rede CNN estampava, ao lado de seu logotipo, a bandeira dos Estados Unidos. Os repórteres, em justificável comoção, mal conseguiam relatar o acontecido. O uso de um símbolo não verbal, ou seja, a bandeira, considerada símbolo nacional, tinha por objetivo aglutinar, de forma emocional, o sentimento de comoção e coesão patrióticas.

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